segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Barrichello e o herói mundano
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Breve nota sobre o "eu" do ponto de vista naturalista
Penelhum, ao falar sobre o método empírico de Hume para o entendimento da natureza humana, coloca que Hume considera a idéia que temos de um “eu” (algo como um homenzinho dentro de nossa mente) não é nada mais do que várias percepções reunidas, uma espécie de teatro.
O “eu” interno de cada ser humano é, dessa forma, a nossa necessidade de lidar com diversas percepções ao mesmo tempo, e a partir disso surgem as diferenças, que variam de acordo com as os diferentes estímulos sociais e culturais.
Fazendo um paralelo com a arte, podemos notar que quando visitamos uma exposição, lemos um livro ou assitimo a um filme, prestamos mais atenção às nossas percepções, pois nos voltamos a elas. E isso gera maior próprio (de pessoa no mundo, em um contexto específico) e de nossa natureza (de características da espécie humana).
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
Kant sobre a faculdade estética, continuação.
Escrever sobre os textos de Kant é estranho, pois depois de um tempo, se releio o que escrevi, pouco entendo. Reproduzo então somente algumas partes...
O belo, como um objeto de uma complacência desinteressada, não pode se fundar em inclinações ou juízos lógicos. Desse modo, quem julga está numa condição de liberdade em relação à complacência dedicada ao objeto, sem manter nenhuma condição privada. Portanto, é natural que a pessoa acredite que possui razões para possuir uma pretensão de complacência universal. O belo será nas palavras desse sujeito uma qualidade do objeto, tendo o seu juízo uma pretensão de validade lógica. Porém, a universalidade de um juízo estético não é alcançada com conceitos. Para Kant, essa universalidade não se funda em objetos, mas somente no sujeito.
Quando digo que algo é belo, não pronuncio “é belo para mim”. Simplesmente digo “é belo”, com a pretensão de que todos compartilhem da mesma complacência. Nesse caso, fala-se da beleza como propriedade da coisa, e por isso ela tem valor objetivo. É por esse motivo que no juízo do belo não se pode dizer que cada um tem seu próprio gosto, como acontece quando falamos de coisas somente agradáveis. Ao contrário dos juízos sobre o agradável, que se remete somente a sensações, no juízo estético não basta sentimento, pois ele é também um juízo reflexivo. O juízo estético tem a pretensão de ser válido para todos, ou seja, é um juízo subjetivo que almeja ser público.
Essa universalidade pretendida não pode ser lógica, pois não se baseia em conceitos de objetos, ela é estética porque não contém nenhuma quantidade objetiva do juízo, possuindo apenas quantidade subjetiva, que Kant chama de validade comum. O belo não está inteiramente no objeto, por isso não é possível expressar toda beleza por meio de juízos. Dito isso, sabemos que não pode haver nenhuma regra que me faça reconhecer algo como belo, e basta que outras pessoas também reconheçam a beleza, não sendo necessário que elas utilizem conceitos e explicações racionais.
“A beleza é a forma da finalidade de um objeto enquanto percebida sem a representação de um fim. É o formalismo e a aparência, o esquema, não o fim verdadeiro como na acção que parece ser ordenada para, em vista de qualquer coisa, e que, de facto, é ordenada sem mais: é a maravilha inútil” (BAYER, 1978, p.203).
A beleza livre não pressupõe nenhum conceito do que deva ser o objeto. Por exemplo, uma flor. Há nela uma finalidade natural, que, todavia, não é considerada quando julgada esteticamente. Se a flor é perfeita pouco importa, o que vale aqui é que ela apraz livremente e por si. Neste tipo de beleza julga-se simplesmente pela forma, podendo chamar, assim, o juízo de gosto como um juízo puro.
A beleza de um homem ou de uma casa pressupõe uma finalidade que determina o que devam ser, envolvendo então a idéia de perfeição. A beleza aderente é influenciada pela finalidade do objeto, prejudicando o juízo de gosto. Por mais que se tente disfarçar esse tipo de beleza, é impossível a desvincular da finalidade ou do conceito do objeto. Por estar ligado a conceito e finalidade este tipo de juízo não pode ser livre e puro, mas somente aderente e aplicado.terça-feira, 11 de agosto de 2009
Kant sobre a faculdade estética
Já que o clima é de arte, vou postar, aos poucos, um trabalho que fiz sobre a Crítica da Faculdade do Juízo, de Kant, um exemplar do racionalismo que se aventurou dignamente pelas ideias empiristas. Conheço um pouquinho das três Críticas de Kant; essa eu achei bem interessante.

Breve introdução
Complacência e desinteresse
Segundo Kant, o fundamento do juízo estético é somente subjetivo, pois parte do sentimento de prazer e desprazer. Quem sente é o sujeito que contempla o objeto. Porém, o juízo proferido é lógico, pois refere-se ao objeto. Por exemplo, quando digo que esta rosa é bela, estou partindo de uma sensação subjetiva, mas profiro algo objetivo sobre a rosa, a saber, que ela é bela.
Para determinar se algo é belo, não é necessário saber sobre a existência do objeto, mas somente como o ajuizamos em sua contemplação. Quer-se saber se a representação de determinado objeto é acompanhada em mim de complacência. A complacência pode ser entendida como uma espécie de empatia ou uma receptividade do gosto que é comunitária.
O juízo de gosto não pode, para Kant, estar ligado ao interesse – se há um mínimo interesse, não pode ser um juízo puro. O próprio Kant alerta para o fato de que o juízo não pode estar ligado a interesses para ser puro, porém pode ser muito interessante, produzindo interesse.
O agradável está ligado ao interesse porque ele suscita o deleite. Não somente aprovamos o que agrada, mas buscamos nele o gozo, sendo assim, uma fonte de inclinações. O agrado está assentado somente nas sensações subjetivas, por exemplo, o agrado ao observar uma flor. A complacência no bom também está ligada a interesses. O “bom para” e o “bom em si” estão ligados a alguma utilidade, tendo o primeiro utilidade como meio para um fim e o segundo como fim
Podemos notar que para designar algo como bom é preciso saber a sua finalidade. Nas palavras de Kant “preciso saber sempre que tipo de coisa o objeto deva ser, isto é, ter um conceito do mesmo” (KANT, 2005, p.52). Já com a beleza é diferente: quando denomino algo belo não estou interessado em seu fim ou existência. A complacência no belo exige reflexão e leva a conceitos, porém nunca os determinando. A principal diferença entre a complacência no agradável, no belo e no bom é a seguinte: “Agradável chama-se para alguém aquilo que o deleita; belo, aquilo que meramente o apraz; bom, aquilo que é estimado, aprovado, isto é, onde é posto por ele um valor objetivo” (KANT, 2005, p.54). Pode-se afirmar, portanto, que a única complacência livre e desinteressada é a que acontece no belo, pois nela não há interesse ligado aos sentidos ou à razão.
Pela investigação segundo a qualidade do juízo de gosto, Kant o explica como faculdade de ajuizamento de um objeto mediante complacência – quando denomina-se algo belo -, ou descomplacência – quando o objeto é julgado como feio. De qualquer forma, o juízo de gosto está desvinculado de qualquer interesse.
Fale mais sobre isso...
BAYER, Raymond. História da Estética. Lisboa: Estampa, 1979.
JIMENEZ, Marc. O que é estética?. São Leopoldo: UNISINOS, 1999.
KANT, Immanuel. Crítica da Faculdade do Juízo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005.
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Recordo ainda...E nada mais me importa...
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta...
Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança...
Estrada afora após segui... Mas ai,
Embora idade e senso eu aparente,
Não vos iluda o velho que aqui vai:
Eu quero meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino... acreditai...
Que envelheceu, um dia, de repente...