terça-feira, 27 de abril de 2010

"Hoje eu quero sair só"

Eu gosto de pessoas introvertidas.
Quando ouço falar bem de uma pessoa, é normal ouvir um "ela é super extrovertida; é ótima!"
Nunca ouvi, "ela é ótima, uma pessoa introvertida". Sim, a extroversão é uma habilidade social e política. Muito útil, por sinal. Ela diverte.
A introversão é normalmente vista como algo ruim, e a pessoa que traz consigo essa característica passa por arrogante, anti-social. Mas no momento de ficar sozinho, o extrovertido pira, e a introversão se mostra bela. Aliás, ter momentos de solidão é uma necessidade para o introvertido: é o seu ato simples de recarregar as energias.
Enfim, eu só queria dizer que é bom conviver com pessoas introvertidas também. Quando "elas" deixam, é claro!

Como diz Lenine, "hoje eu quero sair só, não demora eu tô de volta".

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Seguir em direção a tudo que amamos



"Quando saia de casa
percebeu que a chuva
soletrava
uma palavra sem nexo
na pedra da calçada.

Não percebeu
que percebia
que a chuva que chovia
não chovia
na rua por onde
andava.

Era a chuva
que trazia
de dentro de sua casa;
era a chuva
que molhava
o seu silêncio
molhado
na pedra que carregava.

Um silêncio
feito mina,
explosivo sem palavra,
quase um fio de conversa
no seu nexo de rotina
em cada esquina
que dobrava.

Fora de casa,
seco na calçada,
percebeu que percebia
no auge de sua raiva
que a chuva não mais chovia
nas águas que imaginava."

Chuva Interior, Mário Chamie.

O poema e o poeta conheci essa semana, pelo filme A Via Láctea. Um filme que não conta uma história, mas acontecimentos e sentimentos cotidianos da vida urbana, o caos, a solidão. O trânsito congestionado, assaltado e surpreendido traduz o que no dia a dia acabamos por transformar nossas vidas. Cada um por si querendo avançar nesse mundo esgotado. Mas também encontramos nas paradas e nos motivos do movimento os laços de amor e empatia, as pequenas felicidades daqueles momentos bobos que são no final o que mais vale a pena, o gosto de se fazer o que se gosta com quem se ama e aos que de algum modo nos tocam.

"Seguir em direção a tudo que amamos" se torna ainda mais intenso quando ao final do filme quando voltamos à nossa realidade.

domingo, 4 de abril de 2010

Ao longe, consigo ouvir a música.


Esse texto eu escrevi quando estava no Ensino Médio. Foi com Música ao Longe que descobri um dos meus escritores favoritos. Achei uma edição bem bonita dele mês passado, e hoje encontrei o resumo que escrevi. É um pedacinho de mim de que eu gosto.


Música ao Longe, terceira obra de Érico Verissimo, é a continuação de Clarissa. Neste trabalho pretende-se analisar os personagens principais, os conflitos e a caracterização da época a partir do ponto de vista do autor.
Clarissa, a personagem principal, é uma jovem professora de dezesseis anosque dá valor às pessoas e seus sentimentos. Vasco, primo de Clarissa, é visto como um rebelde por todos, apenas tia Zezé (sua avó) o compreende. João de Deus é o pai de Clarissa, filho do famoso general Olivério. É um homem impregnado por tradicionalismo, junto com seus irmãos, Jovino e Amâncio.
A história se passa em Jacarecanga, interior do Rio Grande do Sul. Clarissa volta de Porto Alegre mais madura e pensativa. Relata em seu diário as desilusões com sua família, o problema com seu pai desempregado e orgulhoso, a mãe que não lhe dá carinho os tios viciados e o envelhecimento das pessoas ao seu redor. Dá importante relevância a sua infância, quando era feliz, sem distinções políticas e sociais entre seus amigos. Torna-se amiga de Vasco, passando a conhecer verdadeiramente seu primo, desenvolvendo grande afeição e curiosidade por ele.
Na obra, escrita em 1935, Érico Verissimo descreve a vida de diferentes classes sociais no interioir do Rio Grande do Sul. Com a decadência dos Albuquerque e a prosperidade dos Gamba, é relatado o declínio da sociedade movida por tradicionalismo e a riqueza conquistada pelos imigrantes italianos.
Música ao Longe mostra a rotina que gira em torno de bens materiais, enquanto que Clarissa, Vasco e Leocádio mostram maior importância para o caráter das pessoas. A obra apresenta a necessidade da felicidade em coisas verdadeiras, enquanto que se vive e envelhece.